ONGs pedem federalização do processo contra crimes do PCC

Organizações Não Governamentais (ONGs) irão solicitar que o processo contra os crimes cometidos em maio de 2006, em São Paulo, pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), seja federalizado e que seja instaurada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). “Esperamos que medidas como essa possam ser tomadas a nível federal porque, infelizmente, as autoridades paulistas não cumpriram suas obrigações”, explica o professor da Universidade de Harvard e coordenador de um estudo sobre o caso, James Casallaro. A mãe de uma das vítimas dos crimes do PCC e coordenadora da ONG Mães de Maio, Débora Silva, diz que o pedido de federalização do processo é importante para o fortalecimento da democracia brasileira. “Não adianta dizer que tem democracia no País, se não há Justiça”, indigna-se. A ONG Justiça Global mostra em um estudo que o governo paulista falhou na gestão do sistema prisional e se omitiu em relação aos crimes, pois sabia da possibilidade de ataque do PCC e não assegurou a integridade física dos policiais e bombeiros. Na época, 128 pessoas foram mortas e outras 59 foram gravemente feridas. O estudo da Justiça Global e da Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard revela que o estopim dos ataques e das 74 rebeliões do PCC em 2006 foi o sequestro, um ano antes da onda de violência, do enteado do líder da facção criminosa por policiais civis. Rodrigo Olivatto de Morais, enteado de Marcos William Camacho, o Marcola, teria sido sequestrado por policiais civis de Suzano (SP) e só foi solto depois do pagamento de R$ 300 mil. A ONG Justiça Global conclui que “a corrupção policial teve um papel importante neste caso”.

Fonte: Brasilia Confidencial