Rosas vermelhas e brancas, outro tipo de flor amarela e uma centena de pétalas servem de cobertor para a pessoa que morreu. Pode estar frio ou pode ser até mesmo em uma manhã abafada de um verão tardio que invadiu o outono. Não importa. O cobertor de flores estará lá para aquecer um corpo já sem alma e enfeitar algo que, absolutamente, não se consegue maquilar: a tristeza da morte.
Uma cruz prateada combina com um bem adornado castiçal reluzente e que segura um toco de vela queimada, mas que, ao contrário da morte, ainda leva uma chama de vida. Aquele homem, um filho de uma mãe morta, não tinha chorado ainda. Foi por pouco que aquele líquido que sentimos salgado na boca não caiu bem em cima da vela e, assim, exterminando de vez um resquício de vida acessa.
Sim, porque, embora estejamos todos teoricamente vivos ao redor da pessoa que morreu, na verdade estamos todos mortos também dentro da capela. Enlutados. A diferença entre nós e aquela mãe já morta é que um sangue que passeia por todos nossos corpos insiste em nos fazer respirar aquele ar abafado e que pesa mais de cem quilos. Tem cheiro de cobertor. Cobertor de flores.
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