O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, qualificou hoje de "importante" o acordo obtido nesta semana entre Brasil, Turquia e Irã para que a República Islâmica envie seu urânio para enriquecimento no exterior.
— Brasil e Turquia trabalharam juntos para oferecer uma importante iniciativa à resolução das tensões internacionais sobre o programa nuclear do Irã de forma pacífica — afirmou Ban em discurso na Universidade do Bósforo de Istambul.
— Esperamos que esta e outras iniciativas permitam uma solução negociada — acrescentou Ban, que se encontra em Istambul para participar de uma conferência sobre a situação na Somália, organizada pela ONU e pelo Governo da Turquia.
No entanto,o secretário-geral da ONU destacou a necessidade de que, antes de mais nada, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) avalie o acordo nuclear com o Irã do ponto de vista técnico e "profissional".
Fechado na segunda-feira, o acordo inclui o compromisso do Irã de enviar ao exterior, especificamente à Turquia, uma quantidade de 1,2 mil quilos de urânio pouco enriquecido para receber no prazo de um ano 120 quilos do combustível enriquecido a 20%, nível suficiente para o reator médico pretendido pelo país.
Segundo o ministro de Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, esse tratamento cumpre, em linhas gerais, a proposta formulada no ano passado pela AIEA. No entanto, o organismo ainda não se pronunciou sobre o novo pacto.
As declarações de Ban ocorrem enquanto o Conselho de Segurança da ONU analisa a proposta dos Estados Unidos de aplicar uma quarta rodada de sanções internacionais ao Irã por causa de seu polêmico programa atômico, suspeito pelas potências ocidentais de ter fins bélicos, o que é negado pelo regime de Teerã.
O projeto de novas sanções conta com o apoio dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Rússia, França, China e Reino Unido, os países com direito a veto de resoluções. Eles querem que o Irã detenha o programa de enriquecimento de urânio.
Brasil e Turquia, dois dos dez membros não-permanentes do Conselho, se opõem às novas sanções e defendem negociações diplomáticas para o fim do conflito.
Ambos os países consideram o acordo obtido com o Irã um "triunfo da diplomacia" que abriria novas vias para negociar uma solução pacífica ao contencioso, mas os EUA e outras potências ocidentais acham que a República Islâmica tenta apenas, mais uma vez, ganhar tempo para poder continuar com suas aspirações nucleares.
Desde Tóquio, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse hoje que acredita que o Conselho de Segurança da ONU aprove uma "resolução forte" contra o Irã e advertiu a este país que ficará isolado caso não cumpra com suas obrigações.
EFE
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